Internacional 13.10.2007 - 13:35
Brasileiros entre os vencedores do Nobel da Paz
Nove brasileiros fazem parte da equipe de cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas, que levou nessa sexta-feira o Prêmio Nobel da Paz junto com o ex-vice-presidente americano Al Gore.
Para o climatologista José Marengo, um dos cientistas brasileiros no painel, o prêmio ajudará a mostrar que os alarmes por conta do aquecimento global "não são parte de uma conspiração política, mas de uma realidade que temos que enfrentar agora."
Apesar dos nove brasileiros em seu quadro, a maior parte dos três mil cientistas do IPCC são americanos. O prêmio de US$ 1,5 milhão - 10 milhões de coroas suecas, o equivalente a R$ 2,8 milhões - será dividido entre os dois vencedores.
O Nobel da Paz anunciado ontem confirmou a importância que o meio ambiente ganhou para o mundo nos últimos anos. O alerta para a emergência global do tema veio do ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore e do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), vencedores do prêmio. O título já foi concedido pela ONU a ativistas de direitos humanos, pesquisadores e economistas, entre outros. O alarme soou também no Rio de Janeiro.
O prêmio de US$ 1,5 milhão (R$ 2,8 milhões) vai ser dividido entre Gore, que prometeu doar sua fatia, e o IPCC, que tem 2,5 mil cientistas. Eles bateram 181 concorrentes. "Estou profundamente honrado", disse o americano, ganhador do Oscar de melhor documentário este ano com "Uma verdade inconveniente", sobre mudanças climáticas.
Famoso por suas belezas naturais, o Rio se vê ameaçado por vários problemas ambientais, que só se agravam. Paisagens que inspiraram canções são hoje o reflexo do descaso com o tema. "Aqui o peixe que mais dá é o peixe-Carrefour", brincou o gerente de transporte Ettore Lopes, 32 anos, que pesca na Baía de Guanabara, referindo-se a sacos plásticos de supermercados.
Alvo de programa de despoluição, o PDBG, desde o início dos anos 90, a Baía enfrenta problemas de poluição por esgoto, despejo de óleo e lixo. "No ritmo que a obra anda, a despoluição completa levará uns 50 anos", calcula o superintendente do Ibama no Rio, Rogério Rocco. Segundo ele, os R$ 800 milhões previstos de gastos já passam de R$ 1 bilhão.
1,5 milhão sem esgoto - Diretamente ligado à poluição das águas do Rio, o saneamento básico ainda é um problema no estado. Mais de 1,5 milhão de fluminenses não são atendidos por rede de esgoto, segundo dados do IBGE. Mesmo quem já tem a rede coletora e mora em bairros nobres acaba despejando esgoto no mar, pois muitos condomínios de luxo da Barra ainda não foram conectados ao emissário.
O secretário estadual de Ambiente, Carlos Minc, aponta a favelização como um dos fatores responsáveis pela degradação do ecossistema: "ano que vem, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento, esperamos investir R$ 200 milhões só na Baixada". A verba será aplicada em obras de saneamento nas comunidades carentes da região.
Carros poluentes serão barrados em 2008 Apontado como um dos principais fatores poluentes do ar no Rio, a emissão de gases de veículos será controlada com rigor a partir de 2008. Se o motorista não for ecologicamente correto o suficiente para manter seu carro dentro dos níveis de emissão aceitáveis, o Detran-RJ fará esse papel. Veículos poluidores serão reprovados na vistoria anual. Hoje, a medição já é feita, mas só tem caráter informativo.
Para a secretária municipal de Meio Ambiente, Rosa Fernandes, a falta de opções de transporte coletivo menos poluente, como o metrô, é um agravante. Mas são as contribuições individuais que podem fazer a diferença.Além do despejo de lixo em locais impróprios, o vandalismo prejudica o programa de plantio de árvores na cidade. Cerca de 70% das mudas plantadas são destruídas propositalmente, segundo a secretaria. "Por isso aumentamos a quantidade de mudas", explicou Rosa. E projetos para conscientizar a população estão sendo desenvolvidos.
"A reciclagem já ajuda" - Os brasileiros que participaram dos relatórios do IPCC são de quatro instituições: Fiocruz, USP, Inpe e Coppe. Entre eles está uma carioca que coordenou o capítulo-chave, sugerindo mudanças nos transportes. Suzana Kahn Ribeiro, da Engenharia de Transportes da Coppe-UFRJ, espera que o Nobel ajude a diminuir não só emissões de carbono, mas também as dificuldades dos pesquisadores do país.
Como você recebeu a notícia de que o IPCC venceu o Nobel da paz?
Um colega ouviu no rádio e ligou brincando que ganhei 1/12 mil avos do Nobel da Paz, mas não sei detalhes da premiação.
Qual vai ser o impacto dessa vitória?
O Nobel e qualquer publicidade em torno da mudança climática, inclusive o filme do Al Gore, independente do mérito científico, são muito positivos. Isso força a população a pressionar os governos por mudanças nas políticas públicas.
Você acha que o prêmio pode atrair investimentos em pesquisas?
Pode gerar mais apoio da iniciativa privada e do governo para os cientistas. O trabalho para o IPCC, por exemplo, é voluntário. Encontramos dificuldades para fazer referências a países subdesenvolvidos: há pouca coisa publicada.
Em que consiste sua parte na pesquisa?
Coordenei capítulo sobre como diminuir o efeito dos transportes - um dos setores com maior emissão de gases estufa e muito dependente do petróleo - no aquecimento global.
O que se pode fazer individualmente para diminuir o aquecimento?
Qualquer coisa para reduzir o consumo, como reciclagem e diminuição no consumo de água, já ajuda.
(Terra, O Globo e O Dia Online)
Um comentário:
Este Nóbel demonstra o quão importante é a união de forças para melhorar o meio ambiente de nosso planeta.
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