quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Cientistas propõem abandonar Kioto e voltar a investir em pesquisa

Cientistas propõem abandonar Kioto e voltar a investir em pesquisa

(Embargada até as 15h de Brasília) Londres, 24 out (EFE).- Dois analistas britânicos afirmam hoje que é hora de esquecer o Protocolo de Kioto, que "fracassou como instrumento para reduzir as emissões" de CO2, e pensar em fortes investimentos públicos no desenvolvimento de tecnologias limpas.
Em um artigo na revista "Nature", Gwyn Prins, da London School of Economics, e Steve Rayner, do Instituto James Martin, de Oxford, defendem, entre outras coisas, aumentar o orçamento público de países ricos destinado a pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias que permitam maiores economias energéticas.
"Parece razoável esperar que as principais economias do mundo dediquem tanto dinheiro a esse desafio quanto gastam atualmente em pesquisa militar: no caso dos Estados Unidos, cerca de US$ 80 bilhões ao ano", afirmam os dois cientistas.
Nesse sentido, eles afirmam que, enquanto a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) prevê a duplicação da demanda mundial de energia em relação à atual dentro de 25 anos, desde 1980 houve uma redução de 40% dos orçamentos públicos destinados a pesquisa e desenvolvimento nesse campo no mundo todo.
Segundo Prins e Rayner, o setor de pesquisa e desenvolvimento é uma causa que convém a todo o espectro político: em 1992, o então candidato à Vice-Presidência dos Estados Unidos Al Gore propôs uma "iniciativa ambiental estratégica como parte de sua visão de um plano Marshall global".
O conservador American Entreprise Institute, de Washington, também apóia a pesquisa básica sobre tecnologias limpas.
Em seu comentário, os especialistas analisam o que classificaram de fracasso de Kioto e dizem que o tratado foi construído exatamente como três outros anteriores relativos à destruição da camada de ozônio na estratosfera, à chuva ácida devido às emissões sulfurosas e à redução dos arsenais nucleares.
Os artífices do Protocolo de Kioto pensaram que "a melhor maneira de atacar a mudança climática seria controlar as emissões globais, ou seja, tratando as toneladas de dióxido de carbono como se fossem armas nucleares que deveriam ser reduzidas estabelecendo metas e calendários mutuamente verificáveis".
Esse enfoque funcionou nos outros três casos porque, embora fossem problemas difíceis, "eram relativamente simples em comparação com a mudança climática", dizem Prins e Rayner, segundo os quais o tratado depende da "criação de um mercado global de CO2 pelo qual os países podem comprar e vender as emissões atribuídas".
"Sem um aumento significativo dos programas de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias limpas financiados com fundos públicos e mudanças nas políticas de inovação (tecnológica), haverá muito tempo antes de a inovação responder" a esse estímulo.
Se a mudança climática é uma ameaça grave para o futuro do planeta, é hora de "interromper o ciclo", dizem os dois analistas.
Os especialistas denunciam ainda que o Protocolo de Kioto tem várias lacunas que permitiram que muitos "se beneficiassem com o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo praticamente sem atingir o nível de emissões" e criticam a idéia central do tratado, de que a redução das emissões é um problema que exige o consenso entre mais de 170 países.
"Alinhar todos os países do mundo pode soar idealista - contra uma ameaça comum é preciso dar uma resposta universal -, mas quanto mais partes houver em uma negociação mais baixo é o denominador comum para se chegar a um acordo, o que ocorreu em Kioto", dizem.
Deve-se reconhecer, segundo eles, que menos de 20 países são responsáveis por aproximadamente 80% das emissões de carbono do mundo, e, enquanto a política de redução de emissões está em suas primeiras fases, "os outros 150 países são apenas um obstáculo", afirmam. EFE jr ev/dgr

Grandes extinções do passado estão ligadas ao aquecimento global


Grandes extinções do passado estão ligadas ao aquecimento global

PARIS (AFP) - O aquecimento global poderá provocar a sexta onda de extinção de espécies nos próximos séculos, adverte um estudo que estabelece um vínculo entre o aumento das temperaturas e os desaparecimentos em massa de animais nos últimos 500 milhões de anos.
Cada um dos cinco períodos precedentes de queda brusca na biodiversidade - incluindo o que provocou o desaparecimento de 95% das espécies - corresponde a um período de aquecimento global, destaca o estudo publicado pela revista britânica Proceedings of the Royal Society.
As altas de temperatura previstas para os próximos séculos são comparáveis às registradas nos picos do efeito estufa ocorridos no passado, destaca Peter Mayhew, principal autor do estudo, que prevê que "as extinções vão se multiplicar".
Segundo especialistas do painel da ONU sobre o clima, o aquecimento climático até o final do século será de entre 1,1°C e 6,4°C, em relação às temperaturas das últimas décadas do século XX.
Estudos precedentes permitiram estabelecer um modelo de mudança climática e encontrar as causas de certas extinções em massa, mas a correlação entre ambos ainda não havia sido estabelecida sistematicamente sobre um período muito longo.
O estudo divulgado hoje é baseado nos trabalhos de três cientistas da Universidade de Leeds, na Grã-Bretanha, que calcularam a temperatura superficial dos oceanos a partir dos níveis de pH e oxigênio nos fósseis.
Determinaram assim as flutuações - ao longo de dezenas de milhões de anos - entre períodos "com efeito estufa" e períodos "glaciais".
Ao contrário do que poderia sugerir a abundância atual de fauna e flora nas regiões úmidas, a biodiversidade era maior durante os períodos frios.
O estudo não se concentra nas razões do aquecimento global - como a explosão de um vulcão gigante, impacto de um asteróide, ciclo natural ou atividade humana -, apenas em suas conseqüências.

domingo, 14 de outubro de 2007

Meu Planeta: Brasileiros entre os vencedores do Nobel da Paz

Meu Planeta: Brasileiros entre os vencedores do Nobel da Paz

Brasileiros entre os vencedores do Nobel da Paz

Internacional 13.10.2007 - 13:35
Brasileiros entre os vencedores do Nobel da Paz


Nove brasileiros fazem parte da equipe de cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas, que levou nessa sexta-feira o Prêmio Nobel da Paz junto com o ex-vice-presidente americano Al Gore.

Para o climatologista José Marengo, um dos cientistas brasileiros no painel, o prêmio ajudará a mostrar que os alarmes por conta do aquecimento global "não são parte de uma conspiração política, mas de uma realidade que temos que enfrentar agora."

Apesar dos nove brasileiros em seu quadro, a maior parte dos três mil cientistas do IPCC são americanos. O prêmio de US$ 1,5 milhão - 10 milhões de coroas suecas, o equivalente a R$ 2,8 milhões - será dividido entre os dois vencedores.

O Nobel da Paz anunciado ontem confirmou a importância que o meio ambiente ganhou para o mundo nos últimos anos. O alerta para a emergência global do tema veio do ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore e do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), vencedores do prêmio. O título já foi concedido pela ONU a ativistas de direitos humanos, pesquisadores e economistas, entre outros. O alarme soou também no Rio de Janeiro.

O prêmio de US$ 1,5 milhão (R$ 2,8 milhões) vai ser dividido entre Gore, que prometeu doar sua fatia, e o IPCC, que tem 2,5 mil cientistas. Eles bateram 181 concorrentes. "Estou profundamente honrado", disse o americano, ganhador do Oscar de melhor documentário este ano com "Uma verdade inconveniente", sobre mudanças climáticas.

Famoso por suas belezas naturais, o Rio se vê ameaçado por vários problemas ambientais, que só se agravam. Paisagens que inspiraram canções são hoje o reflexo do descaso com o tema. "Aqui o peixe que mais dá é o peixe-Carrefour", brincou o gerente de transporte Ettore Lopes, 32 anos, que pesca na Baía de Guanabara, referindo-se a sacos plásticos de supermercados.

Alvo de programa de despoluição, o PDBG, desde o início dos anos 90, a Baía enfrenta problemas de poluição por esgoto, despejo de óleo e lixo. "No ritmo que a obra anda, a despoluição completa levará uns 50 anos", calcula o superintendente do Ibama no Rio, Rogério Rocco. Segundo ele, os R$ 800 milhões previstos de gastos já passam de R$ 1 bilhão.

1,5 milhão sem esgoto - Diretamente ligado à poluição das águas do Rio, o saneamento básico ainda é um problema no estado. Mais de 1,5 milhão de fluminenses não são atendidos por rede de esgoto, segundo dados do IBGE. Mesmo quem já tem a rede coletora e mora em bairros nobres acaba despejando esgoto no mar, pois muitos condomínios de luxo da Barra ainda não foram conectados ao emissário.

O secretário estadual de Ambiente, Carlos Minc, aponta a favelização como um dos fatores responsáveis pela degradação do ecossistema: "ano que vem, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento, esperamos investir R$ 200 milhões só na Baixada". A verba será aplicada em obras de saneamento nas comunidades carentes da região.

Carros poluentes serão barrados em 2008 Apontado como um dos principais fatores poluentes do ar no Rio, a emissão de gases de veículos será controlada com rigor a partir de 2008. Se o motorista não for ecologicamente correto o suficiente para manter seu carro dentro dos níveis de emissão aceitáveis, o Detran-RJ fará esse papel. Veículos poluidores serão reprovados na vistoria anual. Hoje, a medição já é feita, mas só tem caráter informativo.

Para a secretária municipal de Meio Ambiente, Rosa Fernandes, a falta de opções de transporte coletivo menos poluente, como o metrô, é um agravante. Mas são as contribuições individuais que podem fazer a diferença.Além do despejo de lixo em locais impróprios, o vandalismo prejudica o programa de plantio de árvores na cidade. Cerca de 70% das mudas plantadas são destruídas propositalmente, segundo a secretaria. "Por isso aumentamos a quantidade de mudas", explicou Rosa. E projetos para conscientizar a população estão sendo desenvolvidos.

"A reciclagem já ajuda" - Os brasileiros que participaram dos relatórios do IPCC são de quatro instituições: Fiocruz, USP, Inpe e Coppe. Entre eles está uma carioca que coordenou o capítulo-chave, sugerindo mudanças nos transportes. Suzana Kahn Ribeiro, da Engenharia de Transportes da Coppe-UFRJ, espera que o Nobel ajude a diminuir não só emissões de carbono, mas também as dificuldades dos pesquisadores do país.

Como você recebeu a notícia de que o IPCC venceu o Nobel da paz?

Um colega ouviu no rádio e ligou brincando que ganhei 1/12 mil avos do Nobel da Paz, mas não sei detalhes da premiação.

Qual vai ser o impacto dessa vitória?

O Nobel e qualquer publicidade em torno da mudança climática, inclusive o filme do Al Gore, independente do mérito científico, são muito positivos. Isso força a população a pressionar os governos por mudanças nas políticas públicas.

Você acha que o prêmio pode atrair investimentos em pesquisas?

Pode gerar mais apoio da iniciativa privada e do governo para os cientistas. O trabalho para o IPCC, por exemplo, é voluntário. Encontramos dificuldades para fazer referências a países subdesenvolvidos: há pouca coisa publicada.

Em que consiste sua parte na pesquisa?

Coordenei capítulo sobre como diminuir o efeito dos transportes - um dos setores com maior emissão de gases estufa e muito dependente do petróleo - no aquecimento global.

O que se pode fazer individualmente para diminuir o aquecimento?

Qualquer coisa para reduzir o consumo, como reciclagem e diminuição no consumo de água, já ajuda.

(Terra, O Globo e O Dia Online)

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Contabilidade Ambiental

01/06/07 Contabilidade Ambiental

Devido ao grande processo de globalização, a preocupação mundial em torno do meio ambiente caminha para um consenso em torno da adesão a um novo estilo de desenvolvimento que deve combinar eficiência econômica com justiça social e prudência ecológica. A combinação desses elementos somente será possível se houver um esforço conjunto de todos, com objetivo de no futuro, atingir o bem-estar.
A contabilidade, como meio de informação das transações e eventos econômicos, passíveis de mensuração, realizados pelas empresas e entidades, não pode ficar à margem das discussões sobre os problemas ecológicos e a busca de meios para resolvê-los. Sendo assim, a contabilidade ambiental é o conjunto de informações divulgadas pela contabilidade que engloba os investimentos realizados, seja aquisição de bens permanentes de proteção a danos ecológicos, de despesas de manutenção ou correção de defeitos ambientais do exercício em curso, de obrigações contraídas em prol do meio ambiente, e até medidas físicas, quantitativas e qualitativas, empreendidas para sua recuperação e preservação.
Nesta visão, os contadores têm um papel fundamental, visto que também compete a estes profissionais incentivar as empresas a implementarem gestões ambientais que possam gerar dados apresentáveis contabilmente nos balanços sociais e ambientais, além de criar sistemas e métodos de mensuração dos elementos e de mostrar ao empresário as vantagens dessas ações, pois sabe-se que é imprescindível conservar o meio ambiente. As inovações trazidas pela Contabilidade Ambiental estão associadas à definição do custo ambiental, a forma de mensuração do passivo ambiental, a utilização intensiva de notas explicativas abrangentes e o uso de indicadores de desempenho ambiental, padronizados no processo de fornecimento de informações ao público. Junto a essas variáveis, ainda está inserido o respeito ao meio ambiente, cuja incidência econômica, sócio-jurídica e cultural estão fora de qualquer questionamento e cujo impacto deve ser reconhecido na Contabilidade. A Contabilidade não vai solucionar os problemas ambientais, porém face à sua capacidade de fornecer informações, pode alertar os vários agentes sócio-ambientais para a gravidade do problema vivenciado, ajudando desta forma, na busca de soluções e na tomada de decisões.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:ANDRADE, Eurídice Soares Mamede de. A Evidenciação dos Passivos Ambientais. Revista Pensar Contábil. Rio de Janeiro, n.º 09, p. 49-53, agosto-outubro de 2000.
BERGAMINI JÚNIOR, Sebastião. Contabilidade do Risco Ambiental. Disponível em <www.bndes.gov.br/conhecimento/rev1105.pdf> Acesso em 01/12/2005.
FERREIRA, Aracéli de Souza. Contabilidade Ambiental: Custos Ambientais – Uma Visão de Sistema de Informações. Trabalho apresentado no I Seminário de Contabilidade Ambiental, em Salvador – Bahia. Disponível em <http://www.wwiuma.org.br/contab_%3cfont%20color=#990000.htm> Acesso em 27 fev.2006.
KRAMER, M. E. P; TINOCO, J. E. P. Contabilidade e gestão ambiental. São Paulo: Atlas, 2004
LLENA, F. A Contabilidade Social. 2001. Disponível em http://www.5campus.com/
MARTINS, Guilherme de Oliveira. John Maynard Keynes. Diário Econômico. 07 set 2005. Disponível em http://www.diarioeconomico.com/. Acesso em 26 set 2005.
PAIVA, Paulo Roberto de. Contabilidade Ambiental. São Paulo: Atlas S.A, 2003
SÁ, A. L. Contabilidade e balanço social. Disponível em www.crcmg.org.br/cenesco/contbal.htm
TINOCO, J. E. P. Balanço Social: Uma abordagem da transparência e da responsabilidade pública das organizações. São Paulo: Editora Atlas S.A, 2001.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Avanço em combate à poluição leva Nobel de Química

Avanço em combate à poluição leva Nobel de Química Alemão Gerhard Ertl recebeu o prêmio no dia em que completou 71 anos
Estocolmo - O alemão Gerhard Ertl ganhou nesta quarta-feira, dia em que completou 71 anos, o Prêmio Nobel de Química, em reconhecimento a um trabalho que contribuiu para a redução da poluição de automóveis e o estudo do buraco na camada de ozônio.A Real Academia Sueca de Ciências disse que o trabalho de Ertl sobre a química de superfícies destacou reações específicas - como a formação de amônia na produção de fertilizantes químicos a a - e estabeleceu as bases para toda uma pesquisa de campo."Suas percepções forneceram a base científica para a moderna química de superfícies: sua metodologia é usada tanto na pesquisa acadêmica quando no desenvolvimento industrial de processos químicos'', afirmou a academia.
Cientistas dizem que seu trabalho apressou o surgimento de novos catalisadores, úteis na redução da poluição dos automóveis, e contribuiu na produção de fertilizantes e remédios. Ertl foi diretor do Instituto Fritz-Haber da Sociedade Max-Planck para o Avanço da Ciência, de Berlim.
Esse ramo da ciência também ajuda a entender por que o ferro enferruja e é usado ainda na indústria dos semicondutores, segundo a academia.
O químico descobriu como usar diferentes métodos experimentais para obter um quadro completo de uma reação química sobre as superfícies. Por meio desta especialidade química pode-se explicar a destruição da camada de ozônio, pois alguns dos processos determinantes desta reação ocorrem na superfície dos pequenos cristais de gelo na estratosfera.
Ertl nasceu em Bad Cannstatt, fez doutorado na Universidade Técnica de Munique, em 1965, e foi professor de Química e de Física em universidades da Alemanha e dos Estados Unidos. Desde 2004 ele é professor emérito do Instituto Fritz-Haver da Sociedade Max-Planck de Berlim.
O pesquisador foi o segundo alemão a ser premiado este ano com um Nobel, depois de Peter Grünberg, que na terça-feira ganhou o de Física, junto ao francês Albert Fert. No ano passado, o Nobel de Química foi para o americano Roger D. Kronberg por suas pesquisas no campo da genética.
O Nobel de Química concede 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,5 milhão) e será entregue junto aos outros prêmios em 10 de dezembro, aniversário da morte de seu fundador, Alfred Nobel.Este é o terceiro Nobel anunciado neste ano, depois dos prêmios de Medicina (segunda-feira) e Física (na terça). Quinta e sexta-feira serão os dias dos Nobel de Literatura e Paz, respectivamente. No dia 15, o Banco Central da Suécia anuncia o vencedor do prêmio de Economia, que não fazia parte da lista original de premiações instituída em 1895 no testamento do inventor Alfred Nobel e entregues desde 1901.